quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Minhas impressões !


De acordo com a pesquisa feita anteriormente sobre o contexto histórico da cidade de Santo Amaro da Purificação,  e entendendo um pouco sobre a economia da cidade, sinto - me orgulhosa em saber que o meu bisavô contribuiu, mesmo que de maneira indireta , para o andamento desse processo econômico, já que o mesmo trabalhava em um dos alambiques centrais de Santo Amaro.
Enfim, foi muito gratificante aprender um pouco mais sobre a origem da minha família, e entender um pouco a respeito das dificuldades que enfrentaram para conquistar o que possuem hoje, sem deixar que essas dificuldades os tornassem pessoas amarguradas, me fazendo refletir sobre o quanto foram fortes durante todo esse processo e de quanto merecem meu respeito.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

                                                                           VOVY

Lembranças !

Não tinha dia certo, sabe? Mas as vezes quando a gente estava em casa, ouvia aquele barulhão na praia de Ondina, a gente já sabia que era bomba e saia correndo pra pegar os peixes que ficavam na beirada da praia, colocava na barra da saia e levava pra casa!
Quando tinha muitos peixes, a gente pegava panela, balde , e enchia ! Era o tempo bom , a gente comia peixe o mês inteiro, e ficávamos muito felizes por isso !

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O início de tudo !

A História não é somente uma ferramenta para estudo do passado. É uma ciência que tem a função de compreender cada momento de nossas vidas, enxergar como os sujeitos se relacionam entre si, sabendo que os homens são sujeitos a mudanças no percurso do tempo, e constroem sua própria história.

Nascida em vinte de março de 1956, na cidade de Santo Amaro da Purificação, filha de Eduardo de Almeida Cunha e Leonor das Neves Cunha, sendo ela a filha caçula dos cinco filhos do casal. 

1- Como era o cotidiano de sua família, quando vocês moravam em Santo Amaro da Purificação ?

Meu pai trabalhava no Alambique, perto de casa, e minha mãe costurava para fora, e cuidava da casa e da gente.

2- E sobre a economia da cidade ? O que você sabe, ou lembra ?

' Eu me lembro que todo sábado a gente ia no mercado do peixe, e na feira comprar comida.Todo sábado tinha, era coisa certa! E até hoje, quando eu passo por um lugar que vende peixe fresco, me lembro daquele cheiro, ficou guardado na minha memória. Meu pai trabalhava no alambique, e eu acho que era o que mais dava dinheiro naquela época, porque fazia cachaça né? Cana- de- açúcar, essas coisas ...'

3- Quando vocês se mudaram para Salvador? E porque?

' Ah, eu era pequena, tinha quatro anos (1960) quando a gente foi embora. Meu pai bebia muito, já chegava do trabalho , todos os dias bêbado, brigava muito com minha mãe, gritava, jogava comida pelo quintal, pintava minha filha! Não prestava pra nada, até a casinha que a gente morava foi minha mãe que fez de taipa. E minha mãe já estava insatisfeita com essa situação. Juntou um dinheirinho das costuras que fazia, arrumou uma sacolinha com os documentos e foi- se embora para Salvador.

4- E quando chegou aqui em Salvador, como foi que as coisas se organizaram ?

Moramos inicialmente de aluguel no bairro de Piripiri, durante três meses, e depois fomos morar de favor na casa de minha avó, chamada Maria, no bairro da Ondina durante dois anos aproximadamente, anos esses de muita humilhação.Não gosto nem de me lembrar! Quando minha mãe finalmente conseguiu um emprego, na “casa de branco”, alugamos um quarto pequeno que nem banheiro tinha, no “Alto do Gato”, e moramos ali por muito tempo. Minha mãe conseguiu empregar, aos doze anos a minha irmã mais velha na “casa de família”,  Minha mãe fazia cocadas de noite para meu irmão vender na rua, e entregou as minhas outras duas irmãs para minhas duas tias criarem, ficando só comigo,que era a menor!

Eu me lembro que ela me levava pra casa da moça que ela trabalhava, e me escondia lá na cozinha, pra ninguém me ver, pedia pra eu ficar quietinha e de vez em quando me levava água.. e o almoço dela, ela dividia, metade pra mim, e metade pra meu irmão que vendia as cocadas na rua! Era o que a gente comia.. 
Tivemos uma vida muito difícil, mas graças a Deus, hoje está todo mundo bem, ninguém mais passa fome..todo mundo tem suas casas, seus filhos e vivem com dignidade.

domingo, 2 de novembro de 2014

Relato de uma vida!

Esse blog foi criado com o objetivo de tornar público a história de vida de uma mulher guerreira, nascida na cidade de Santo Amaro da Purificação, que fica a 72 km da cidade de Salvador.

Contexto histórico.

Santo Amaro, velha e tradicional cidade do recôncavo baiano, fundada em 1557,  foi elevada a vila e a município em 5 de janeiro de 1727. Prioritariamente habitada pelos índios abatirás,que viviam em guerra  com os tupinambas da Barra do Paraguaçu que vieram da Amazônia, que vinham em busca do pescado e do marisco oferecido naturalmente nessa região, e foram expulsos por eles desta localidade. Os primeiros portugueses chegaram na cidade de Santo Amaro no século XVI, e desde então a economia, e a colonização da cidade girou em torno cana- de- açúcar.
Santo Amaro foi sem dúvida a cidade que mais escravos possuiu, pois seus primeiros povoadores, os portugueses, ávidos de lucros, queriam tirar da terra o máximo que ela pudesse dar, surgindo o grande problema: a falta de braços. Os índios não se deixaram escravizar, e a terra pedia braços fortes e os portugueses ambiciosos voltaram- se para o continente africano. E assim juntaram-se as tres raças que deram origem aos mestiços santamarenses, herdeiros de força combativa, índole mansa e pendor para o sossego.
O labor rude e incessante do escravo foi elevando cada vez mais o progresso econômico, começando a surgir os engenhos metálicos e o homem gradativamente foi sendo substituído pelas máquinas que a industria do açúcar e do álcool tanto concorreram para o engrandecimento da comuna.
Com a colonização , e a habilidade gorvenamental de Tomé de Souza e Mem de Sá foram construidos varios engenhos, a primeira fábrica de açucar, iniciativa que redunda no espantoso desenvolvimento da Região e o Ancoradouro do Conde, onde os navios da navegação baiana faziam os transportes de cargas e pessoas entre Santo Amaro e Salvador, usando as vias fluviais para a exportação do açúcar nos primeiros anos do século XIX. É também desse período a instalação das primeiras ferrovias e estabelecimento de linha de navegação com a capital (1819 – Cachoeira, 1847 – Santo Amaro e 1852 – Nazaré)
No final do século XIX são implantadas as primeiras usinas, uma realidade sócio-econômica e tecnológica diferentes dos engenhos, e a economia açucareira sofreu grandes oscilações em decorrência das próprias variações da lavoura sempre abalada por fatores internos e oscilações do mercado internacional, contribuindo assim para a decadência dos mesmos, assim como a crescente produção cafeeira na região Sudeste, tornando necessária a migração da população para a cidade de Salvador em busca de emprego.
O Engenho Central do Bom Jardim - Santo Amaro